quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Rendez-vouz

Sentou-se à mesa,
a menina Lia.
Cruzou as pernas daquele corpo esguio.

Cruzou o restaurante,
o moço Milton
- havia reconhecido a languidez e o sorriso.

"Oi", disse ele, ensaiado.
"Jante comigo", disse Lia, agradável.
E deu-se o acontecido!

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Ele

Destroçou os meus 'pensares' sem dor
Fez sangrar o coração e não o bebeu.
Pois que, como eu,
Não sabe amar...

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Tempo de Fim

Foram-se os beijos
Como foram-se os desejos
Cheios de anseios,
Planos e bocejos.

Perderam sua essência, as rosas,
Perderam o perfume, coitadas,
Perderam-se.
Sem nunca serem achadas.

Foram-se os sentimentos,
Foram-se as rosas.
Foram-se também os ventos...
E nada mais pode voltar.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Sonho de Verdade

Ando a procurar meias verdades
procuro para torná-las puras,
dar-lhes essência.

Ando a contar-me essas meias-verdades
- como se fossem verdades puras -
no puro intuito de não encontrar a verdade pura
que diz que as meias-verdades,
na verdade,
não passam de boas mentiras.


poeminha antigo, pra atualizar isso aqui!

domingo, 21 de setembro de 2008

O ANALFABETO POLÍTICO

Em "tempos de política" como estes, penso que o poema de Brecht que venho postar seja de intensa necessidade!
Ainda que, devido a tudo, seja dificil até escolher em quem se vota, escolher, inclusive, é necessário. Assim, faço minhas as palavras de Berthold Brecht.

"O pior analfabeto
É o analfabeto político,
Ele não ouve, não fala,
Nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo da vida,
O preço do feijão, do peixe, da farinha,
Do aluguel, do sapato e do remédio
Dependem das decisões políticas.
O analfabeto políticoÉ tão burro que se orgulha
E estufa o peito dizendo
Que odeia a política.
Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política,
Nasce a prostituta, o menor abandonado,
E o pior de todos os bandidos,
Que é o político vigarista,
Pilantra, corrupto e lacaio
Das empresas nacionais e multinacionais."

O analfabeto político - Bertold Brecht.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

O Muro e o Mito

Como vou-te buscar e não encontro,
Vou a teu caminho e paro no meio, volto, retorno.
(Sinto uma poeira de cimento “encegueando-me”.
– mais que motivo pra voltar);

Como vou-te tocar e não toco,
Não enxergo, nem sinto.
Penso que é como se houvesse um muro;
Feito de mitos.

Esse muro: entre nós,
Se “enlarguesse”, se aprofunda e cresce.
Nos impede.

sábado, 13 de setembro de 2008

Versos antigos

É como se meus versos já tivessem nascido velhos, esquisitos, cansados.
Sem essa vontade óbvia de uma boêmia romântica, de uma emoção alcoolizada.
Nasceram com tudo isso já vivido, pensado, esqecido, vencido.
Esqueram porém de me contar como havia sido.
A vivência, o prazer, o inesquecível.
Nasceram velhos os meus versos, coitados.
Unidos a um conservadorismo - para não dizer sem gracismo.
Unidos à seriedade e excesso de análise do que é sentido.
Porém, reconheço. Vieram de mim, são versos...

domingo, 7 de setembro de 2008

Maria II (Mariazinha)

Mariazinha era só medo.
Presa em casa.
Nunca desobedecia
Menos ainda chegava tarde em casa.
Não comia fora
– podia passar mal, dizia.

Mariazinha sempre criticava sua amiga, Carla,
Que atravessava a rua na hora errada,
Entregava o trabalho depois da data.
Dançava, sem vergonha de nada.

Mariazinha nem amava
Nem cantava
Nem brincava

Um belo dia,
Mariazinha foi atravessar a rua na hora certa
Veio um carro na hora errada
E Mariazinha morreu atropelada.

Morreu não,
Porque pra morrer tem que ter vivido
E Mariazinha, coitada,
Não havia vivido nada.

Poema do meu livro: "Versos de um suspiro", de 2007.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

O Gênio da Lâmpada

Esta tarde brinquei de ser criança.
Encontrei o gênio da lâmpada.
Assim mesmo, com rimas parcas.
Ao Encontrar o Gênio, ele me disse:
- Tens três pedidos.
Meus dois primeiros foram: Teu beijo e teu sorriso
- E o terceiro, senhorita?
- Sabe os outros pedidos? - Respondi, perguntando, com arrepio.
- Sei, sim, senhorita.
- Pois quero que os ponha bem aqui,
Aos pés do meu ouvido...

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

ESTA NOITE

Esta noite, morreu uma esperança.
A morte de uma esperança é, assim,
como a do bicho que leva seu nome:
uma morte, de fato.
E toda morte, pra além de ser uma
somente, faz parte d’outra maiúscula,
essa coisa vasta que tanto rastro
tem em nós.

Esta noite morreu uma esperança.
Mais uma, meu deus! Mais uma...
(E, olha só, parece a mesma que
tantas vezes encontrei sem vida)
Inumeráveis fantasmas de esperança
voltam agora pra buscar a nova mortae juntos formam esse coro monstruoso
e triste que meu pranto pronuncia.

Mas enquanto escrevo esse poema,
eles, os fantasmas, já estão de partida
rumo ao além das coisas que vão.
E em meu peito afeito a movimento,
vê-se indício de um embrião esverdeado.

Esta noite morreu uma esperança.
Morreu... Porque há a morte e é noite.
Tudo passa, meu bem, tudo passeia
por nós. E a noite é, assim, como a morte:
sempre a mesma, irremediável
e enorme.
(Raiça Bomfim)

Na falta de versos, recorri aos versos do meu girassol. Que, hoje, falam por mim...

domingo, 10 de agosto de 2008

minha pela ainda tem seu cheiro, nos meus ouvidos ainda ressoa tua voz, minhas mãos ainda lembram dos teus cabelos...
Vítima de um bem-feito complô - que fez tudo parecer acaso - vi-me então apaixonada...

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Em momentos de nada, é preciso muita inspiração.

Depois que passado fez sua entrada majestosa. Desarrumou o encaminhado e me fez ver lágrimas. Foi-se embora sem deixar rastros, deixou-me a lembrança, um momento de nada e uma falta de inspiração! Ora que coisa! Não podia ter ficado quietinho lá no canto dele?

Vida Oliveira: Ao “não sentir-se” apaixonada.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Um duo!

Tempo de Destino

Dediquei-me com afinco
A esquecer-te, meu querido.

Dedicastes-te, tu, com afinco,
A ser esquecido.

No entanto, não avisamos.
Nem ao tempo,
Nem ao destino.

Traiçoeiros, estes.
Outra vez, nos uniram!


Tempo de Decisão

Traiçoeiro este destino
Faz, nem pergunta.

Pouco importa
Posso decidir

Esquecer-te-ei
Antes de tudo
Antes do que nem começou

Pronto,
Esquecido!

domingo, 3 de agosto de 2008

Final feliz

Tocou-me com amor,
O amor antigo.
Beijou meu corpo
Como se esperasse - há anos - por isto

Havia praia e vento
Uma cena de cinema parecia.

Não. - dissemos.
E deu no mesmo que não ter dito!

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Tão logo vi teu sorriso,
Lembrei o que havia esquecido.
Teu cheiro doce,
Teu bem vestir.

Sorriso espontâneo,
Olhar pulsante,
Teus óculos

Lembrei das tuas roupas vermelhas
Teu bem querer
Teu beijo louco.

Lembrei de você.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Pra uns é mais fácil,
Pra mim, vejo a cada dia,
Não é parte de mim.

Não é parte de mim esse “longuismo” de amor.
Por mais que queira,
Por mais que diga.

É só poder ter,
Pra eu fugir.

Vida Oliveira: dizendo não.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

pé de infância

Era belo quando só precisava de pêssegos frescos, morangos vermelhos e carambolas do pé.
Depois que o pega-pega ficou sem graça e as bonecas perderam a cor, tudo se complicou. Ai, meu deus. É difícil o amor.

domingo, 27 de julho de 2008

Quando a incerteza parece virar verdade intensifica-se aquele frio da barriga e dispara o coração. É tanta adrenalina, por um só segundo, um só abraço e alguns beijos. Por um só OI. Aumenta ainda mais a insegurança. Pelo medo de perder tanta beleza. Será que é amor?

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Qui est-ce que c’est?

É tanto querer mal querido
Tanto beijo mal dado
Tanto abraço mal-amarrado

Que espanta o bem feito
Bem arrumado
Bem bonito.

Encanta o bem dito.
Bem pronunciado,
Bem medido.

Duvida o que aparece assim, de repente.
Pode ser só um modo de ser
De ser falado, dito.
Um modo de se dar por abraçado
Nada mais.

Duvidar, até duvido.
Mas finjo que minto
E acredito.

Tantos bens num só.
Têm que ser coisa do destino.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

A esquizofrenia da insegurança

Quando penso que tudo pode ser besteira
Coisa da minha cabeça,
Erro ter ido tão longe
Erro ter dito a tão longes

Penso na minha loucura
Talvez devesse ir ao médico
Internar-me perpetuamente
Sofrer, copiosamente.

Erro por amar demais
Acreditar demais
Sonhar demais.

E se tudo for besteira?
Terei errado, mais uma vez.
Apenas.

sábado, 19 de julho de 2008

"... E as pequenas flores tão sem firmamento
jazem longe.
As pequenas flores...
Mudaram-se em farpas, semenstes de fogo
tão pungentes!
Mudaram-se em farpas.
Novas se abrirão, leves, brancas, puras, deste fogo, muitas estrelinhas..."
(canção da flor de pimenta - Cecília Meireles)

Para mim, essa canção é tb uma canção do amor. rsrs
E viva à pimenta, e às sementes de fogo!

sem mais delongas.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Verdadeirismo

Verdadeirismo
Entre toques que dizem muito,
Os olhares resolvem tudo.

O “verdadeirismo” do sentimento,
Este falta, contudo.

Querer tanto por apenas um momento
É ser pobre, humanamente.
Ser humano.
Sem escrúpulos,

Queria-me muito, sim,
E por mais que dois minutos...