quarta-feira, 20 de agosto de 2008

ESTA NOITE

Esta noite, morreu uma esperança.
A morte de uma esperança é, assim,
como a do bicho que leva seu nome:
uma morte, de fato.
E toda morte, pra além de ser uma
somente, faz parte d’outra maiúscula,
essa coisa vasta que tanto rastro
tem em nós.

Esta noite morreu uma esperança.
Mais uma, meu deus! Mais uma...
(E, olha só, parece a mesma que
tantas vezes encontrei sem vida)
Inumeráveis fantasmas de esperança
voltam agora pra buscar a nova mortae juntos formam esse coro monstruoso
e triste que meu pranto pronuncia.

Mas enquanto escrevo esse poema,
eles, os fantasmas, já estão de partida
rumo ao além das coisas que vão.
E em meu peito afeito a movimento,
vê-se indício de um embrião esverdeado.

Esta noite morreu uma esperança.
Morreu... Porque há a morte e é noite.
Tudo passa, meu bem, tudo passeia
por nós. E a noite é, assim, como a morte:
sempre a mesma, irremediável
e enorme.
(Raiça Bomfim)

Na falta de versos, recorri aos versos do meu girassol. Que, hoje, falam por mim...

Um comentário:

Raiça Bomfim disse...

Minha curuminha linda... Conforto é saber que nada morre sem que algo nasça. Que sua nova esperança logo rebente em luz e cor.