domingo, 7 de setembro de 2008

Maria II (Mariazinha)

Mariazinha era só medo.
Presa em casa.
Nunca desobedecia
Menos ainda chegava tarde em casa.
Não comia fora
– podia passar mal, dizia.

Mariazinha sempre criticava sua amiga, Carla,
Que atravessava a rua na hora errada,
Entregava o trabalho depois da data.
Dançava, sem vergonha de nada.

Mariazinha nem amava
Nem cantava
Nem brincava

Um belo dia,
Mariazinha foi atravessar a rua na hora certa
Veio um carro na hora errada
E Mariazinha morreu atropelada.

Morreu não,
Porque pra morrer tem que ter vivido
E Mariazinha, coitada,
Não havia vivido nada.

Poema do meu livro: "Versos de um suspiro", de 2007.

Um comentário:

Unknown disse...

Nossa, que bonitos seus escritos, Vida! Muito bons! Parabéns!